sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sentidos


Fazia muito tempo que não se sentia assim, sentia-se bloqueado, preso a algo que o afastava de si próprio, da sua alegria, da sua segurança, da sua força. Entrou no quarto, sentia-se magoado e lutou contra: «Vou mostrar-te como me sinto» - gritou, aproximando-se dela e empurrando-a para a cama. Lançou-se sobre aquele corpo como um animal ferido, voltou-lhe a cabeça para que não o olhasse, arrancou-lhe a blusa e as cuecas com violência. Cravou-lhe as unhas nas costas como facas. Mordeu-lhe os seios e o ombro. A seguir tocou-lhe o sexo, introduziu-lhe dois dedos como estacas. Soltou-se um grito abafado de dor. Seguiu-se outro quando entrou dentro dela com a violência de uma besta, sem contemplações.
Os seus movimentos eram rápidos, bruscos, selvagens e desmesurados, e a cada investida feroz ela perdia o fôlego. Em seguida volto-a como se fosse uma boneca, prostrou-a de quatro, puxou-lhe os cabelos e penetrou-a por trás, como se fosse um leão faminto ao avistar uma presa na savana. «Por aí não», gritou ela. Em vão, ele não atendeu aos seus pedidos.
Louco, de um golpe só, rompeu-a até a fazer sentir que se partia em duas. As lágrimas caiam-lhe pelo rosto, ele pareceu não a ouvir e continuou, cruelmente, como um cavaleiro na arena ao cravar as farpas no touro...para lhe tirar as forças.
Levantou-se, suado, cego, mudo, irado. Ela continuou deitada, levou as mãos ao sexo e chorou. Nem se quer a olhou, vestiu as calças e saiu à rua. Não sabia para onde ia, não conseguia ver, sentiu vontade de vomitar.
Avançou sem rumo. Nunca mais a viu. Nunca mais se perdoou. Nunca mais se encontrou.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Palmadas